Equipes tradicionais aos poucos perdem espaço diante do crescimento da metrópole; presidente de associação de clubes de lazer teme até produção nacional de jogadores: ‘é no terrão que se aprende a jogar’
Na Zona Norte da capital paulista, Otacílio Ribeiro, aos 72 anos, hoje vê um condomínio com 11 torres residenciais onde já viu jogar os times do Benfica e do São Paulinho. No espaço onde um dia já foi o campo do Dom Pedro, hoje está erguido o Fórum Criminal da Barra Funda. Onde jogava o Guarani Paulista, agora se encontra uma escola municipal. E sob os pilares de um hotel na Barra Funda jaz o campo do extinto Grajaú da Casa Verde.
O futebol de várzea paulistano soma hoje algo em torno de cinco mil times, a maioria deles sem campos próprios. Esse segmento emprega diretamente cerca de 50 mil pessoas e movimenta R$ 20 milhões por ano, segundo Otacílio, que viu saírem do terrão do Campo de Morte nomes como os dos ídolos corintianos Basílio e Zé Maria, além do ex-palmeirense Edu Bala.
Para a historiadora do esporte Aira Bonfim, que também atua como curadora do Museu do Futebol, a revisão do Plano Diretor aprovada pela Câmara Municipal deve promover o sumiço de mais campos de várzea, já que o texto amplia as áreas onde grandes prédios podem ser construídos: Para Otacílio Ribeiro, o desaparecimento dos espaços para o futebol de várzea já afeta a produção nacional de jogadores e ameaça até mesmo o futuro da seleção:
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