Israel-Hamas: de onde vêm as interpretações religiosas para o conflito
Entre os posts e vídeos que mais viralizaram, por exemplo, estão aqueles que mencionam o profeta Ezequiel, argumentando que o livro do Antigo Testamento de alguma forma teria previsto o conflito.
"Quando há o elemento da profecia, é preciso entender que elas têm uma dimensão para atender a uma necessidade imediata ", diz. "Como elas trazem o arcabouço de uma narrativa mais universal, elas acabam persistindo no tempo." Moraes diz: "É uma guerra religiosa. É uma guerra maniqueísta, onde cada um dos lados se considera representante do bem, cada um se considera imbuído de uma missão de seu deus e, portanto, neste pacote da missão está ocupar a terra e eliminar aquele que impede ou que é um obstáculo à sua liberdade religiosa, à sua existência".Mas o teólogo complementa: a religião não é a única motivação.
Já o historiador Theo Hotz é um crítico dessa leitura de que o conflito seja de cunho religioso. "A guerra não é religiosa em si mesma. É uma guerra territorial e de sobrevivência, para ambos os lados", diz. Sua análise parte da história da região no século 20. Era o Reino Unido quem administrava o território imediatamente antes da criação do Estado de Israel em 1948. Com a partilha do Império Otomano, a partir de 1920 aquela área estava sob a tutela de uma entidade chamada Mandato Britânico da Palestina, que operou por 28 anos.
Hotz recorre a dois conjuntos de documentações para mostrar como a postura do Reino Unido foi dúbia: a McMahon-Hussein Correspondence e a Declaração Balfour, ambas da Primeira Guerra Mundial. De um lado, houve o compromisso britânico de “apoiar e reconhecer a independência árabe na palestina”. De outro, “a criação de um lar nacional para o povo judeu na região geográfica da palestina”.
Toda a Esplanada das Mesquistas, onde está a Al-Aqsa, é controlada pela Jordânia, por meio de uma organização chamada Waqf — em Jerusalém, dirigida por um conselho de 18 membros nomeados. “De um lado, houve ali dois templos muito antigos que foram demolidos. De outro, o Islã entende que aquele lugar é sagrado. São duas interpretações sobre o mesmo espaço: tudo vira motivo para conflito”, sintetiza Moraes. “Quem tem razão? É muito difícil arbitrar um processo como este, porque é uma terra disputada palmo a palmo há muitos séculos. Mas o elemento religioso acaba sendo determinante para o comportamento aguerrido.
O teólogo Moraes enfatiza que “Israel de hoje não é igual a da Bíblia” e “este é um erro absurdo que é cometido”. O Estado de Israel seria criado em 1948, em um esforço capitaneado pela Organização das Nações Unidas e apoiado por muitos países, logo após o término da Segunda Guerra e o Holocausto de mais de 6 milhões de judeus pelos nazistas. “A própria religiosidade judaica foi mudando ao longo do tempo…há um período de quase 2 mil anos em que este grupo vive fora da chamada ‘terra prometida’”, situa Moraes.
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