Quando o empregador não defende seu ativo: o caso de racismo contra Vini Jr. e a omissão das entidades espanholas
Um dos apresentadores afirma que antes da chegada do jogador brasileiro, não haviam casos de racismo no país. Informação errônea, conforme relatos trazidos nesta matéria.
“Alguns veículos argentinos também se utilizaram dessa mesma estratégia, que eu também prefiro chamar de mau caratismo, que justifica as agressões como algo que foi provocado. ‘Você não queria ouvir esse tipo de xingamento, não provocasse’, se referindo à postura do Vinícius em campo como postura”, disse Rafael Prado, editor de esportes do Grupo Bandeirantes.
Após o episódio recente, ocorrido no duelo entre Real Madrid e Valencia, no último domingo, no estádio Mestalla, Vinícius pela primeira vez verbalizou a ideia de deixar o clube pelos recorrentes acontecimentos. Agora, nesta segunda-feira, quase 24 horas após o incidente envolvendo Vinicius, o Real Madrid diz que prestou queixa por crime de ódio após os ataques racistas ao brasileiro.
“Fato é que o talento e a rápida ascensão do brasileiro, de apenas 22 anos, incomoda. Hoje, o atacante é o jogador mais perseguido pelos racistas na história do esporte mundial. Não há exemplos tão similares de tantas constância e pessoalidade nos abusos. Assim como, não há registro de tanto esforço para colocar a vítima no lugar do agressor”, afirmou o jornalista esportivo.
Segundo ele, os torcedores estariam entoando o canto “tonto” e não “mono”, como se referem os espanhóis aos macacos. Para ele, a falta de educação política e o processo de anulação da população negra, assim como suas histórias e lutas, podem explicar o posicionamento dos que criticam o jogador. O ministro ainda declarou que o governo brasileiro estuda quais medidas podem ser tomadas em relação ao caso envolvendo o jogador brasileiro.
Em março de 2022 a transmissão da televisão espanhola flagrou torcedores pedindo para o atacante “pegar bananas”. “Chamaram ele de filho da p*** no minuto do silêncio, cantaram ‘morra, Vinicius”. Você vê pais com os filhos… A atmosfera desses campos é legal de jogar, mas sem essas bobagens”, disse.No fim de 2022, o atleta foi duramente criticado por jornalistas espanhóis que atacavam as danças de Vini Jr. em campo e pediu para ele “parar de fazer macaquices”.“Os racistas seguem indo aos estádios e assistindo ao maior clube do mundo de perto e a LaLiga segue sem fazer nada.
Alves, em vez de mostrar descontentamento, respondeu ao insulto de maneira inusitada: ao se preparar para cobrar um escanteio, o jogador se abaixou, pegou uma das bananas, comeu e continuou jogando como se nada houvesse acontecido. Naquele mesmo ano, torcedores do clube catalão Espanyol emitiram sons de macacos e jogaram uma casca de banana no campo para tentar desestabilizar os jogadores brasileiros em campo, como o atacante Neymar.
No entanto, para que haja responsabilização no caso espanhol, é necessário que se acione o sistema Judiciário do país, o que pode tornar a punição lenta e burocráticas. No total, desde janeiro de 2020, a LaLiga apontou existirem 12 casos de práticas racistas contra jogadores no campeonato. Dos casos, oito tem como vítima Vinicius Jr. Destes, quatro foram arquivados sem que houvesse nenhuma punição.
Outros países da Europa incluiram em seus regulamentos diversos mecanismos para coibir e repreender abusos racistas.
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